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domingo, 18 de julho de 2010

Intolerância à lactose e alergia ao leite: existe diferença?


O nutricionista é o profissional capacitado para excluir ou fazer substituições de alimentos na sua dieta preservando a sua saúde.

O leite de vaca, principal fonte de cálcio na alimentação, pode não ser bem tolerado pelo organismo de algumas pessoas. Após sua ingestão, os sintomas nesses indivíduos podem variar de um leve inchaço abdominal até problemas respiratórios graves.

O termo “alergia ao leite” se popularizou e, atualmente, é muito utilizado para descrever possíveis causas de intolerância, provenientes de reações alérgicas ou não.

A nutricionista Tatiane Loidi de Santana Garbugio* explica que existe uma grande diferença entre intolerância e alergia ao leite: “O nosso organismo produz uma série de enzimas responsáveis por reduzir o tamanho das moléculas provenientes dos alimentos, que são absorvidas pelo intestino e levadas até a corrente sanguínea. Uma dessas enzimas, a lactase, é responsável por reduzir o tamanho do açúcar que existe naturalmente no leite, chamado lactose. Se por algum motivo ocorrer a falta ou a diminuição dessa enzima, a lactose não poderá ser absorvida, e sua permanência no intestino poderá causar distensão abdominal, dores e até diarreia. Este quadro é denominado intolerância à lactose”.

“A alergia ao leite é outra coisa”, ensina Tatiane. “Neste caso, o problema está relacionado a uma proteína do leite chamada caseína. Por algum motivo, o organismo reconhece a caseína como um corpo estranho que irá causar malefícios e reage contra ela, causando erupções na pele, manchas vermelhas, problemas respiratórios e, às vezes, diarreia”. As causas dos dois problemas também são bastante distintas. “A diminuição da produção da enzima lactase pode ser decorrente de vários fatores, como infecções bacterianas ou virais, doenças do intestino, AIDS, desnutrição ou mesmo o avanço da idade, diz a nutricionista. “Por outro lado, no caso da alergia ao leite, a origem é geralmente congênita, ou seja, a pessoa já nasce com a doença”.

Segundo Tatiana, crianças com sintomas de alergia ao leite costumam apresentar melhora a partir dos 2 anos de idade, podendo haver manifestações até os 5 anos. O tratamento nos casos de alergia é a exclusão total da bebida e seus derivados da alimentação. Para os jovens com intolerância, a restrição do consumo de leite geralmente é suficiente. “A redução ou retirada total dos lácteos da alimentação deve ser muito cautelosa, pois eles são ótimas fontes de cálcio biodisponível, ou seja, que vai ser reconhecido e absorvido pelo organismo”, revela.

A dose tolerada do alimento varia de pessoa para pessoa, da mesma forma que alguns itens - como a coalhada - podem ser mais bem aceitos pelo organismo. Portanto, um nutricionista deve ser sempre consultado para acompanhar de perto a aceitação do alimento, assim como a utilização de produtos substitutos. Nos casos de intolerância, por exemplo, o consumo de iogurtes é incentivado devido à presença de lactobacilos, que auxiliam na saúde intestinal. Confira a dica de Tatiana para fazer em casa uma bebida à base de gergelim, considerada uma boa fonte de cálcio.

Observação: As informações fornecidas não são individualizadas, portanto, um nutricionista deve ser consultado antes de se iniciar uma dieta.

Autora: Tatiane Loidi de Santana Garbugio é nutricionista, especialista em terapia nutricional e mestranda em nutrição e saúde pública pela FSP/USP. Atua como professora dos cursos de pós-graduação do Núcleo de Educação Continuada do Paraná (NECPAR) e em clínica de gastroenterologia de Maringá, PR.

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